A importância do eucalipto para a fundação de Águas de São Pedro
Publicado em: 23 de agosto de 2010
Marco Antonio Berto, vereador do Partido Progressista, apresentou durante a 12ª sessão ordinária do dia 23 de agosto, na Câmara Municipal de Águas de São Pedro, projeto de Lei que consagra o “EUCALIPTO” como “ÁRVORE-SÍMBOLO” da estância, e o declara imune ao corte. O vereador pesquisou depoimentos históricos que referendam seu projeto, de pessoas idôneas e reconhecidas publicamente pela sua notoriedade ou por sua ligação histórica com a cidade. Dr. Antonio Falcão de Moura Andrade, filho de Otávio Moura Andrade, fundador de Águas de São Pedro, publicado no site http://www.portaldeaguas.com.br, 20/07/1.987 “-Em Águas de São Pedro não haviam matas a serem derrubadas nem estradas a serem melhoradas; não havia nem os pioneiros. Na realidade, não havia nada! O local era um ermo, perdido no município de São Pedro; por suas colinas, outrora, vicejaram cafeeiros, mas a crise e o depauperamento do solo praticamente extinguiram as culturas. Apenas a velha casa da fazenda do Sr. Ângelo Franzin, outra casa ao lado e uma tulha dariam abrigo a um viajante. Nada de árvores ou sombras amigas, apenas capim “barba de bode”. Na região de São Pedro, as terras não tinham grande valor. A exploração do café havia arrasado o solo. Octávio Moura Andrade planejou metro a metro Águas de São Pedro. Contratou o engenheiro civil Jorge de Macedo Vieira, que projetou uma estância modelar, introduzindo no interior do Brasil o conceito de cidade-jardim, modelo urbano de origem inglesa, a “garden city”. O conceito, pioneiro no Brasil, baseava-se na valorização da paisagem. Assim, na terra árida e sem plantas seria criado um imenso parque com inúmeras variedades da flora nacional. A paisagem ao redor era desoladora: não havia uma árvore! No parque ao redor do "Grande Hotel" e em outras áreas da estância, foram plantados cerca de 1.200.000 pés de eucaliptos, que passaram, assim, a formar o belo bosque que hoje maravilha o turista. A escolha de eucaliptos para formar o bosque não foi acidental. Já naquela época conhecia-se o valor de suas essências e de suas emanações iônicas, de seu rápido crescimento e da quantidade de oxigênio que produz. No parque foram plantadas milhares de árvores nobres, tais como jacarandás, tipuanas, acácias, grevilhas, ipês, jacarandás, paus-brasil, flamboyants, paineiras, espatódias, além de inúmeras palmeiras, e outras tantas que ainda hoje encantam os visitantes por seu porte e beleza de suas floradas Todas estas árvores, devido à profundidade de suas raízes, requereram cuidados especiais em seu plantio, sendo que suas covas atingiam a profundidade de 2,5 metros e foram cheias de terra, mais fértil, vinda de longe. Tudo isto é o que foi sonhado, projetado e realizado por Dr. Octavio Moura Andrade para e em ÁGUAS DE SÃO PEDRO. Quero aqui apenas chamar a atenção de todos, munícipes, autoridades, amigos, usuários, frequentadores e admiradores de ÁGUAS DE SÃO PEDRO que, se essas agressões ocorridas nos primeiros cinquenta anos da estância não forem disciplinadas, estancadas, daqui a algum tempo outro poderá estar escrevendo um artigo não mais de alerta mas de lamento por havermos deixado destruir a única Estância construída dentro de um criterioso planejamento global, com a finalidade específica devir a ser verdadeiramente um local de cura e repouso. Portanto, em respeito aos que acreditaram na visão e no trabalho de meu pai, Octavio Moura Andrade, é que peço a todos que reflitam e se acharem que o planejamento deva ser mantido, ajudem todos, especialmente as autoridades e poderes constituídos, a preservar este pequeno pedaço do Brasil. Precisamos ser claros, precisos e objetivos na defesa do padrão de vida atual da Estância, da qualidade de vida que desfrutamos, que é consequência direta do planejamento executado e sua manutenção. Se o abandonarmos, se desconhecermos a finalidade e o destino da Estância traçados em sua origem, em breve não teremos mais um parque e uma cidade, mas um deserto e uma favela. Assim agindo em defesa de ÁGUAS DE SÃO PEDRO estaremos evitando que no futuro, depois da destruição da Estância pela soma repetida de pequenas agressões ao seu planejamento, algum de nós, já velho, venha contar aos mais jovens como era a cidade, repetindo os versos de Gonçalves Dias: “meninos, eu vi!” Preservemos hoje para que todos sempre vejam” Escritor Orígenes Lessa, publicado em O GLOBO, do Rio de Janeiro, em 22/10/1.946 “-Aproximou-se do carrascal, desfiou o deserto, saneou o terreno, irrigou os campos e, na terra sáfara, plantou milhões de árvores. À volta, pelas colinas vazias, ergueu mais de um milhão de eucaliptos, milhares de flamboyants, de ipês, de árvores que fazem a delícia de certas exposições de pintura. Começou a fazer paisagem, com um instinto seguro, menos de comerciante que de artista. Visitei Águas de São Pedro em princípios de 41. Em lugar do barracão já havia um belo balneário popular. No alto de uma colina erguia-se um grande hotel. Mas era só, além dos vagos coqueiros sem categoria. O resto ainda ia ser: o eucaliptal, as avenidas, os flamboyants, a paisagem, o parque. Voltei há poucas semanas. Hotéis havia dois. Pensões, duas ou três. Casas, algumas dezenas. Natureza verde ou florida, já havia por todos os lados. O deserto transformara-se em parque.” Dr. Benedictus Mario Mourão, um dos maiores especialistas em termalismo no mundo “-Aqueles pastos sem fertilidade alguma, de vegetação pobre e rasteira, que até para nascer grama precisavam ser cobertos de terra fecunda, trazida de fora, transformaram-se numa irrepreensível estância hidromineral, onde tudo foi previsto e executado. Grandes áreas verdes, bosques formados por um milhão e duzentos mil eucaliptos mais essências nobres e árvores floridas, em extensão de quarenta alqueires; atmosfera rica em ozônio, que purifica o ar e dá plena satisfação aos pulmões; clima ameno em todas as quadras do ano; tranquilidade e paz do ambiente, que representam por si incentivo extraordinário para a alma, completando a higiene mental.” OSWALDO PORTUGAL, São Paulo, julho de 1.973, médico formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP, chefe do Serviço de Radiologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, exerceu sua profissão em São Paulo por mais de 50 anos. “-Edifica o Hotel, completamente aparelhado, forma o Parque, o esplêndido bosque que o orna, trazendo de fora até a terra propícia para o crescimento das árvores, e planta mais de um milhão de pés de eucaliptos, transformando a abandonada região primitiva, num viçoso vergel. Loteia terras, e constrói elegantes vivendas em torno do Parque Central. Os turistas, participantes de repetidas estações, vão se instalando nessas moradas, na quase totalidade obras dele, que adquirem para temporadas, alguns para passar longo tempo, não poucos acabam morando definitivamente. E vai pouco a pouco, obediente ao plano preestabelecido, se formando a cidade modelo.” “- Esses são alguns depoimentos sobre a história de Águas de São Pedro. Que nos ajudam a entender o porquê faz-se necessário preservar o eucalipto, a nossa árvore, a nossa história viva.” Afirma o vereador Marco Berto (PP).
Para plantar as árvores, foram feitas covas de até 3,5 metros de fundura por 1,0 a 2,5m de largura. O solo, de piçarra dura, nada prosperava.
Grande Hotel, gigante solitário, à sua volta somente terra. Vê-se as mulas subindo e descendo a estrada e dois carros na frente do hotel em construção
Publicado por: Marco Antonio Berto
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